Yoga não é para todos? Uma conversa sobre deficiência física e o direito à prática

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“Yoga é para todos.”

Essa frase costuma soar como um ideal bonito, acolhedor, até espiritual. Mas será que ela se sustenta quando olhamos com mais atenção para os espaços de prática?

A maioria das imagens associadas ao yoga ainda representa um corpo normativo, “perfeito”. De aparência magra, flexível, com autonomia total de movimento, quase sempre praticando em lugares paradisíacos. Essa estética repete um padrão que silencia a diversidade dos corpos reais. E mais: afasta, de maneira sutil ou explícita, aqueles que mais poderiam se beneficiar da prática.

A deficiência física, especialmente a mobilidade reduzida, está entre as condições mais comuns no Brasil e no mundo, segundo dados do IBGE e da Organização Mundial da Saúde.

Mesmo assim, a presença de pessoas com deficiência nas salas de yoga ainda é nula. Por quê? Será que os profissionais estão sendo formados para acolher a pluralidade corporal, e de habilidades, da sociedade? Será que a formação em yoga contempla a acessibilidade atitudinal, ou seja, a mudança de postura diante da diversidade? Será que os estúdios, físicos ou online, se preparam para a inclusão de pessoas com deficiência, ou essa população continua invisível? Essas são perguntas fundamentais para quem deseja ensinar ou praticar yoga de forma mais consciente, ética e justa.

Yoga acessível é mais do que uma proposta, é uma responsabilidade.

Yoga adaptado não é uma concessão. É uma prática viva, enraizada no que o yoga sempre foi. Presença, escuta e respeito à realidade de cada ser.

É possível adaptar posturas (Asanas), respirações (Pranayamas) e meditações, respeitando os limites e reconhecendo as potências de cada corpo. Quando um praticante em cadeira de rodas acessa uma prática adaptada com respeito e dignidade, o yoga se cumpre em seu sentido mais profundo: a conexão com o que somos, agora.

Incluir não é um favor. É uma necessidade ética, humana e social.

A exclusão de pessoas com deficiência no yoga não é por falta de interesse delas,  mas por barreiras que vão desde a formação dos professores até a ausência de espaços acessíveis.

As pessoas com deficiência não sabem que yoga é para elas. E se queremos que o yoga seja realmente para todos, precisamos ampliar nossa escuta, rever nossa prática e, sobretudo, reconhecer os corpos que ainda não chegaram; não por falta de vontade, mas por falta de convite e estrutura.